Programa: A disciplina pretende introduzir o aluno de graduação na história da Alemanha no período entre as duas Guerras Mundiais, através do estudo da República de Weimar, do seu nascimento (1919), até a ascensão do nacional-socialismo ao poder (1933). Nascida da derrota do império militarista na Grande Guerra, a República esteve profundamente marcada pela aliança com as forças anti-republicanas, antidemocráticas e monarquistas. Durante este período, a Alemanha vivenciou movimentos sociais, artísticos e culturais inovadores e revolucionários nos campos das esquerdas e das direitas. Entre a tradição monárquica, a perspectiva de construção da República e o surgimento do ideário nazista, as tensões e contradições moldaram a identidade da República de Weimar.
Objetivos:
– compreender o nascimento da República alemã, no contexto das tradições imperiais e da derrota na Grande Guerra.
– estudar o processo da Revolução Alemã, sua força e sua derrota.
– compreender o papel da social-democracia alemã, na instauração do regime republicano.
– estudar a evolução política da República de Weimar.
– compreender as contraditórias forças e tendências sociais que se expressaram em organizações (associações) e manifestações culturais.
– compreender a ascensão do nacional-socialismo ao poder.
– compreender a crise econômica e social.
– estudar a chamada “cultura de Weimar”: literatura, artes plásticas, arquitetura, teatro, cinema.
Unidades:
1) 1ª Fase – 1918-1924: Pós-Guerra, crises e vanguardas.
– O fim da Grande Guerra e o nascimento da República (1918).
– Revolução e guerra civil.
– O “Ditado de Versalhes” .
– A Constituição de Weimar.
– A crise do pós-guerra.
– O Expressionismo: artes plásticas, literatura, teatro, dança, música, cinema, arquitetura.
– A Bauhaus (1919-33).
Textos:
- Peter Gay. Prefácio e Cap.I (“O trauma do nascimento: de Weimar a Weimar”), Cap. IV (“A ânsia pela totalidade”) e Cap. V (“A revolta do filho: os anos do Expressionismo”).
- S. Kracauer. “Caligari”.
- Hagen Schulze, cap. 9, “La Gran Guerra y la postguerra (1914-1923).
- Horst Möller, Cap. 1.
- Cláudia Valladão de Mattos, “Histórico do Expressionismo” (pp. 41-63), in J. Grinsburg.
- Marion Fleischer, “O Expressionismo e a dissolução de valores tradicionais”(pp. 65-81), in J. Grinsburg.
- Ricardo Timm, “Filosofia e Expressionismo” (pp. 83-101), in J. Grinsburg.
Filmes
– O Gabinete do Dr Caligari, de Robert Wiene, 1920.
– Nosferatu, de F. Murnau, 1922.
2) A 2ª Fase 1924-1929: Estabilidade.
– a «estabilidade» econônica.
– a eleição do general Hindenburg (1925).
– o movimento de jovens.
– os «dourados anos 20».
– Berlim: o paradigma da metrópole.
– a Nova Objetividade (1924-1932): artes plásticas, literatura.
– o teatro.
– a arquitetura.
– o cinema.
Textos:
– Berlim: «Explosão artística e contestação», de J. Schebera e Berlim, Parte 3.
– Peter Gay. Cap. VI (“A vingança do pai: Ascensão e queda da Objetividade”).
– Hagen Schulze, cap. 10, “Esplendor y final de Weimar (1924-1933).
– Horst Möller, cap. 2.
Filme:
– Metropolis, de Fritz Lang, 1926.
3) A 3ª Fase: 1929-1933: Crise e ascensão do nacional-socialismo
– A Alemanha e a crise de 1929.
– O crescimento da extrema-direita; a barbárie.
– A ascensão do nacional-socialismo ao poder.
– o «assassinado da cultura de Weimar».
Textos:
- Berlim: Parte 4
- S. Kracauer. “Um assassino entre nós”.
- Horst Möller, cap. 3.
Filmes:
– O Anjo azul, de Josef von Sternberg, 1930, baseado no livro Professor Unrat, de Heinrich Mann (1905).
– Nada de novo no front/Sem novidades no front, 1930, de Lewis Milestone, baseado no livro Nada de novo no front , de Erich Maria Remarque (1928, folhetins em jornal; 1929, livro).
– M, o vampiro de Dusseldorf, de Fritz Lang, 1931.
– Berlin-Alexanderplatz, de Phil Jutzi, 1931, baseado no livro Berlim Alexanderplatz, de Alfred Döblin.
– A Ópera dos três vinténs, de G. Pabst, 1931, baseado na peça teatral A Ópera dos três vinténs, de Bertolt Brecht, 1928).
– Kuhle Wampe, de Slatan Dudow e Bertold Brecht, 1932 (sobre a vida dos operários nos arredores de Berlim).
– Cabaret, de Bob Fosse, 1972, baseado em contos de Christopher Isherwood, 1935 e 1939, publicados como Adeus a Berlim, de 1939.
- Mephisto, de István Szabó, 1981, baseado no livro de Klaus Mann, 1936.
Literatura:
- Alfred Döblin (1878-1957). Berlim Alexanderplatz. Rio de Janeiro, Rocco, 1995.
- Heinrich Mann (1871-1950). O Anjo azul. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985.
– Erich Maric Remarque. Nada de novo no front. Porto Alegre, L&PM, 2006 (Coleção L&PM Pocket).
– Thomas Mann. Carlota em Weimar (Lotte in Weimar). 2 ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2000.
——- . A Montanha Mágica. Rio de Janeiro, Nova Fronteira.
——– . Tonio Kroeger.
——- . A morte em Veneza.
– Joseph Roth. Berlim. São Paulo, Cia das Letras, 2006.
Autobiografias/Biografias:
– George Grosz. Um pequeno sim e um grande não. Rio de Janeiro, Record, 2001.
Bibliografia:
– AARÃO REIS Filho. A Revolução alemã. Mitos & versões. São Paulo, Brasiliense, 1984. (Col. Tudo é História, nº 90).
– ALMEIDA, Ângela Mendes de. A República de Weimar e a ascensão do nazismo. São Paulo, Brasiliense, 1982. (Col. Tudo é História, nº 58).
– BLANCHARD, Bertrand. L’Allemagne de 1789 à 1870. Paris, Ellipses Éditions, 2004.
- CARDINAL, Roger. O Expressionismo. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1984. (Col. Cultura Contemporânea, nº 9).
- DROSTE, Magdalena, Bauhaus Archiv. Bauhaus. 1919-1933. Berlim, Taschen, 2001.
- DROZ, Jacques. História da Alemanha. Portugal, Publicações Europa-América, s/d.
- EISNER, Lotte. A Tela Demoníaca. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985.
- ELGER, Dietmar. Expressionismo. Uma revolução alemã na Arte. Kölh, Taschen, 1998 (edição em português).
– ELIAS, Nobert. Os Alemães. A luta pelo poder e a evolução do habitus nos séculos XIX e XX. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1997.
– FRIEDRICH, Otto. Antes do dilúvio. Um retrato da Berlim nos anos 20. Rio de Janeiro, Record, 1997.
– FURNESS, R. S. Expressionismo. São Paulo, Perspectiva. 1990.
– GAY, Peter. A Cultura de Weimar. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978.
- GROPIUS, Walter. Bauhaus: Novarquitetura. 3ª ed. São Paulo, Perspectiva, 1977. (Col. Debates).
- GUINSBURG, J. (org.). O Expressionismo. São Paulo, Perspectiva, 2002.
– KRACAUER, Siegfried. De Caligari a Hitler. Uma história psicológica do cinema alemão.
– MÖLLER, Horst. La République de Weimar. Paris, Tallandier, 2005.
– PALMIER, Jean-Michel. Weimar en exil. 2 vols. Paris, Payot, 1988.
– PRZEWORSKI, Adam. Capitalismo e social-democracia. São Paulo, Companhia das Letras, 1989.
– RICHARD, Lionel. A República de Weimar. 1919-1933. São Paulo, Companhia das Letras, Círculo do Livro, 1988. (Col. A vida cotidiana).
– ———— (org.) . Berlim, 1919-1933. A encarnação extrema da modernidade. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1993. (Col. Memória das cidades).
—— . Emil Nolde ou l’obsession de peindre envers et contre tout. Paris, L’Échoppe et Lionel Richard, 2008.
– ROTH, François. L’Allemagne de 1815 à 1918. 2 ème éd. Paris, Armand Colin, 2000.
– ROBINSON, David. O Gabinete do Dr. Caligari. Rio de Janeiro, Rocco, 2000.
– SCHULZE, Hagen. Breve história de Alemanha. Madrid, Alianza Editorial, 2005.